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sábado

OBSERVAÇÕES - Ronaldo Vieira


Vejo plantas de plástico
Quase vivas
Ao lado das vivas
Quase mortas
(expostas)
Em prateleiras brancas
Preferidas
Por compradores tortos
Semimortos
Olhos verdes, espinhentos
Mal-humorados
Quase vivos
Frios, sem sentimentos
Como as flores de plástico
Paradas
Em mesas nas casas
Pegando pó
Fazendo flores chorar
(chega a dar dó)
Seres ainda vivos
Na sala
No ambiente morto
Com objetos sólidos
Nus, pesados, mórbidos
Sem luz, parados, sentados
Quase mortos
Olhando flores
Já mortas – o frio corta minha espinha
Abro a porta
Entrevejo;
Plantas de plástico “quase vivas!”
poesia do livro essência de tudo/2009 - Meireles editorial

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